Mostrar mais artigos

Ventura Terra, arquiteto da modernidade, em documentário

O interior do Palacete Mendonça no topo do Parque Eduardo VII, uma das obras de Miguel Ventura Terra

O interior do Palacete Mendonça no topo do Parque Eduardo VII, uma das obras de Miguel Ventura Terra

“Ventura Terra – Projetar a Modernidade” é o título do documentário que hoje estreia na Cinemateca Portuguesa

O documentário do realizador Fernando Carrilho sobre o arquiteto que marca a paisagem urbana de Lisboa no início do século XX antestreia hoje na Cinemateca Portuguesa, às 21.30.

O filme acompanha a exposição Do Útil ao Bello, que está no Torreão Poente do Terreiro do Paço patente até 21 de outubro, e assinala os 150 anos do nascimento de Miguel Ventura Terra, arquiteto, vereador da câmara, membro da sociedade dos arquitetos e um nome importante da Lisboa do início do século XX.

Miguel Ventura Terra nasceu em Seixas, Caminha, em 1866, estudou no Porto, ganhou uma bolsa para estudar em Paris, trabalhou no atelier do arquiteto Victor Laloux e, já em Lisboa, assumiu funções nas obras públicas. Deixou a sua assinatura em edifícios como a maternidade Alfredo da Costa, os liceus Pedro Nunes, Camões ou Maria Amália Vaz de Carvalho, a sinagoga de Lisboa e vários palacetes (como o Palacete Mendonça, vendido recentemente à Fundação Aga Khan) e casas unifamiliares na Rua Alexandre Herculano, incluindo a sua casa. Morreu em 1919, aos 53 anos.

A fachada do palacete Mendonça, como se verá no filme "Ventura Terra - Pojetar a Modernidade"

A fachada do palacete Mendonça, como se verá no filme “Ventura Terra – Pojetar a Modernidade”

“Tentámos aproveitar pequenas pistas através das suas participações na atas da câmara municipal de Lisboa, entrevistas em revistas e jornais onde vemos a palavra dele. Fomos buscar alguns trechos, sobre a vontade dele para a cidade de Lisboa”, acrescenta.

Um dos planos de Ventura Terra, expresso nas atas da autarquia, nesse início do século XX, era já a construção de uma ponte que atravessasse o Tejo, a partir da rua da Santa Catarina. O arquiteto foi vereador da câmara entre 1908 e 1913 num governo republicano mesmo antes da Implantação da República e tendo ele sido o autor da capela real do Palácio da Ajuda, em estreita colaboração com a rainha Maria Pia. “Se fosse hoje, ele diria, como um jogador de futebol, sou um profissional acima de tudo”, antecipa Fernando Carrilho.

As escadas interiores do Palacete Mendonça, numa imagem do documentário que hoje antestreia

As escadas interiores do Palacete Mendonça, numa imagem do documentário que hoje antestreia

O realizador surpreendeu-se com a atualidade dos projetos de Ventura Terra para problemas que só agora se são a resolver como “o Casal Ventoso, a rua do Arsenal ou a beira-rio, recentemente intervencionada, a necessidade de um parque”.

“É uma figura incontornável e, da pequena prospeção que fiz, desconhecida da maioria do público”, refere Fernando Carrilho, em declarações ao DN. “Se disser que foi a pessoa que fez a Assembleia da República, sim… Mas o que me surpreendeu mais foi como há cem anos um arquiteto consegue ter uma capacidade de trabalho astronómica, vários projetos em curso. Era uma pessoa pragmática, racional, com grande sentido estético, do belo”, refere. “Como era possível estar em todas frentes?”, pergunta o realizador. “Morreu prematuramente, com 53 anos, e já deixou uma obra extensa”.

A historiadora Raquel Henriques da Silva, Júlia Varela, que tem estudado a história da arquitetura, Ana Isabel Ribeiro, do Património Cultural de Lisboa, e Cátia Mourão, da Assembleia da República são algumas das pessoas entrevistadas no documentário.

Ventura Terra – Projetar a Modernidade partiu de um desafio da Associação Ventura Terra à Direção Municipal de Cultura da Câmara de Lisboa.

A produção é do Arquivo Municipal de Lisboa — Videoteca e Terra Esplêndida. O documentário, com cerca de 55 minutos, estreia “até ao final do ano na RTP”, segundo Fernando Carrilho.

 

Fonte: https://44arquitetura.com.br

1 Comentário

  1. Marco Antonio Borges disse:

    Bom Dia ! Gostaria de parabeniza-los pelo belo artigo do Sr. Arquitecto Ventura Terra ! Fantástico !
    Marco António Borges – Conselheiro das Comunidades Portuguesas , eleito directamente pelo portugueses residentes no Estado de Minas Gerais – Brasil
    marcoa.borges@yahoo.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *